terça-feira, junho 21, 2011

Torcicolo

No mundo, cada um vive para si e pensa somente no que lhe diz respeito. Ninguém se importa se na TV noticiam que morreram 4 aqui ou 3 ali. "Que bom que não foram 10, não é mesmo?" - esse é o pensamento. A realização pessoal é prioridade: o diploma, o concurso, o dinheiro, o casamento, a fartura. As pessoas não sentem constrangimento ao se vangloriarem por terem certas coisas, mesmo que a maioria não possa igualmente ter. "Se elas não podem, que culpa tenho?".
Elas entram no supermercado, consomem até dizer chega, mas não olham para o lado para ver se há alguma pessoa necessitada, contando as moedas na esperança de poder levar o iogurte. Esbanjam suas conquistas, pois "o que é de melhor é pra ser meu".
Ora, é óbvio que o ter, desde que seja de maneira honesta e decente, é lícito e até mesmo uma promessa para aqueles que obedecem ao Senhor. O problema ocorre quando somos acometidos por uma espécie de "torcicolo espiritual", que nos incapacita de olhar para o lado e ver o mundo sob a perspectiva do outro.
Tenho consciência da situação do mundo hoje, e me pergunto se estou fazendo parte deste sistema errôneo ou não. Examino criteriosamente a minha alma e tento achar alguma pista sobre indiferença, falta de empatia, frieza, distância. E me doi saber que, por vezes, me vejo "dançando conforme a música". Percebo no quanto as pessoas passam por mim todos os dias na rua e, como as desconheço, não me importo com elas. Depois penso que o mais correto, diante de tantas bênçãos recebidas, teria sido falar a uma por uma sobre o perdão e a graça que Deus tem para dar. Mas é tarde, elas já se foram.
No posto de gasolina, no mercado, na padaria, na lanchonete, no restaurante, na calçada, elas clamam, mas não as escuto. Perco a oportunidade de criar a oportunidade! Muitas vezes o amor à própria vida nos distrai.
Daí, lembro dos inúmeros testemunhos que já ouvi. Como é importante pra mim saber que pessoas foram transformadas, libertas, salvas pelo poder da Palavra de Deus, por causa do testemunho de Cristo na minha vida. Penso o que teria acontecido com essas pessoas se eu tivesse me omitido e mais ainda: o que acontecerá a outras se eu me acovardar?
Meus olhos se abrem e percebo o quanto os sentimentos negativos que tenho a repeito de mim mesma não podem me parar. Ter um ministério é muito mais que cantar ou pregar.

É mudar a direção de quem caminha para o inferno: é povoar o céu!
É saber que o céu não é só para mim, que o meu Amado não deve ser SÓ meu. É não se acomodar porque "legal, eu sou salvo e viverei com Cristo eternamente", enquanto não sentir que capturei todas as almas que Deus me confiou.

Vamos seguir o exemplo de abnegação deixado por Jesus:

"De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,
Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.
Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;
Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,
E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai." (Fp 2.5-11).

sexta-feira, junho 17, 2011

Cadê Jesus?

Aquela Páscoa tinha tudo para ser como todas as outras. Reunir a família, seguir rumo à Jerusalém, adorar ao Senhor e depois viajar de volta para casa. Posso imaginar que, durante a jornada, os parentes iam colocando o papo em dia, as crianças brincavam e de tempos em tempos eles paravam para um lanche. Todos muito alegres e satisfeitos por participarem da festa que os lembrava da triunfal libertação do Egito.
José e Maria estavam ali. Talvez conversando com amigos que não viam há séculos. Matando a saudade dos primos, tios, sobrinhos... Em meio a tanta gente, não perceberam que a Pessoa mais importante não estava ali. Então, abismados, fizeram a pergunta para a qual os pais temem não encontrar resposta: "Onde está nosso filho?".
"Mas, calma - ponderavam - pode ser que ele simplesmente esteja conversando com seus amigos ou parentes por aí. Não vamos nos desesperar a toa!". O problema é que, embora procurassem o rosto do jovem no meio da multidão, não puderam encontrá-LO. O casal não teve outra escolha a não ser percorrer o caminho de volta à Jerusalém e procurá-LO por lá.
Como eram simplesmente humanos, José e Maria certamente ficaram aflitos. Parece que posso ver a expressão de ansiedade que traziam. Quem sabe uma lágrima chegou a rolar dos olhos da mãe, aflita por não saber o que havia acontecido. Não dava para entender uma coisa dessas! Ele nunca havia se comportado mal, era um filho obediente e submisso. Jamais faria algo que prejudicasse seus pais.
Já havia se passado três dias, mas a lida parecia não ter fim. O medo de não encontrá-LO sufocava a alma; o cansaço físico e emocional esgotavam as esperanças.
Até que, como por uma dica do Deus Eterno, eles chegaram ao templo. E lá encontraram o Sumo Sacerdote ensinando aos doutores. Aquela cena parecia ter-lhes deixado em estado de choque. Como seu filho de doze anos poderia estar assentado em meio a homens renomados e cultos, explicando-lhes aquilo que não compreendiam a respeito das Escrituras?
O susto dá lugar ao alívio de terem, finalmente, achado o Desejado das Nações. E, quando Lhe perguntaram a respeito do que acontecera, simplesmente Ele lhes diz: "Por que vocês estavam me procurando? Vocês não sabiam que o meu desejo é cuidar dos negócios do meu Pai?". Silêncio total. Quando não se entende alguma coisa, é melhor apenas guardar no coração e ver no que dá.
Talvez você esteja aflito porque, no meio do caminho, percebeu que Jesus não estava mais ao seu lado. Em meio a tantas distrações, tudo parecia tão empolgante que você nem deu falta do Mestre. A festa estava tão boa que nem precisava da presença de Jesus para alegrá-la.
De repente, você se viu sozinho e se deu conta de que dons e talentos não são suficientes para dar sentido ao viver; cultos, congressos, pregações, festividades, evangelismos, reuniões, grupos de trabalho, orações, louvores... nada disso tem razão se não for por Jesus, para Jesus, de Jesus.
"Onde está Jesus? Como não percebi que Ele me deixou aqui no caminho?". A questão é que não foi Ele quem abandonou a sua vida. VOCÊ não O acompanhou por onde Ele decidiu andar. Você não ficou com Ele no templo mais um pouquinho. Você se contentou com o ritual apenas e foi-se embora com a caravana, não compreendendo que o melhor lugar para se estar não é onde desejamos estar, mas onde a real presença de Jesus se manifesta.
O que fazer nessa situação? Faça como diz Apocalipse 2.5: "Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras". Este versículo é um alerta, para que nos examinemos constantemente. Não importa há quanto tempo você serve a Deus ou os títulos que tem: nunca ceda à tentação de prosseguir sem Jesus.
Faça hoje uma análise e observe se você ainda permanece em Cristo. Ele tem sido o seu foco?
Não tenha medo de deixar a multidão e refazer todo o percurso. O Senhor permanecerá ali, esperando o seu retorno, no mesmo lugar onde você O deixou: no centro da vontade de Deus.